Considerada a maior intérprete do folclore argentino — e um dos nomes mais importantes da música latina em todos os tempos– , Mercedes Sosa teve, ao longo de mais de 50 anos de carreira, uma relação muito próxima com o público e o mercado brasileiros, sobretudo por gravar ou se apresentar com nomes como Fagner, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Chico Buarque. “La Negra”, como ela era conhecida, morreu em 2009, aos 74 anos. A trajetória artística e pessoal da cantora, símbolo das lutas por igualdade e justiça, é contada no livro “Mercedes Sosa – A Voz da Esperança” (capa acima), escrito pela dinamarquesa Anette Christensen.


 

Publicado originalmente em inglês, a obra, com tradução de Mariana D’Angelo, é fruto de mais de sete mil horas de pesquisa. Além da consulta bibliográfica, a autora teve acesso a gravações, participações da cantora em eventos, shows e entrevistas concedidas, entre outras realizadas por Anette em quase uma década. Amigos, colegas e fãs revelam histórias nunca antes contadas ao público.


Ilustrada com 44 fotos históricas, a primeira parte retrata a extraordinária vida e carreira de “La Negra” e mostra como a criação em uma família pobre da classe operária, o ambiente político da Argentina durante a ditadura militar e as aflições pessoais moldaram sua vida e carreira. Entre os períodos marcantes, como as perdas do pai e do marido, a cantora foi acusada de desobediência civil, por conta das músicas que cantava e do que falava em suas entrevistas, chegou e a ser presa e também exilada.


Esse momento da vida de Mercedes Sosa se confunde com o início de um movimento dos jovens tucumanos de contestação cultural em que também esboçavam ideais políticos, muitos influenciados pelo peronismo, movimento liderado por Juan Domingo Perón e mais tarde por sua esposa Eva Perón. Os jovens viravam a noite tocando, cantando, recitando poesias e debatendo. Apesar da pouca idade, Mercedes começava a se interessar pelas questões sociais. Aquele era um período conturbado na história política da Argentina, com as constantes tensões entre o governo de Perón e a oposição.


“O que eu fazia eram músicas de protesto? Eu nunca gostei desse rótulo. Eram canções sinceras sobre o modo como as coisas realmente são. Eu sou uma mulher que canta, que tenta cantar o melhor possível com as melhores músicas disponíveis. Foi-me atribuído este papel de grande contestadora, mas não é nada disso. Eu sou apenas uma artista pensante. (…) Eu acredito em direitos humanos. A injustiça me faz sofrer, o que quero é a paz verdadeira…”, disse a cantora em certa ocasião, conforme relata a autora de “Mercedes Sosa – A Voz da Esperança”.


Na segunda parte, a autora retrata os impactos positivos da conexão com “La Negra” que a ajudaram a superar traumas emocionais e a fadiga crônica. Através de princípios da neurobiologia interpessoal, Anette Christensen explora o impacto terapêutico da vida e da música de Sosa e usa as próprias experiências para mostrar como relações afetivas, música e mindfulness têm o poder de curar e reformular o cérebro.


O filho da artista e ex-presidente da Fundação Mercedes Sosa, Fabián Matus, endossa o livro, que ele classifica como “uma nova e tocante perspectiva sobre a nossa amada Mercedes”. Fabián faleceu em 2019, ano de publicação da versão original do livro. Na ocasião, a primeira parte da obra foi publicada em português sob o título “Mercedes Sosa – Uma Lenda”. O retorno positivo dos leitores brasileiros levou a autora a lançar também a versão completa.


Fonte: Portal Sucesso/Fotos: Divulgação


Relembre Mercedes Sosa cantando com o brasileiro Fagner:



 

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