Música
04/05/2022 09H22
Produzido pelo Selo Sesc em homenagem ao centenário da escritora
Clarice Lispector, comemorado em dezembro de 2020, o projeto “Clarice Clarão”,
produção que integra uma série de ações e programas do Sesc São Paulo de
valorização da cultura brasileira e divulgação de novos artistas nacionais,
conta com as vozes de Beatriz Azevedo e Moreno Veloso, que assinam a produção
musical com composições próprias e de outros artistas. Em formato digital, a
obra traz participação especial de Maria
Bethânia no single “Água Viva”, que estreia nesta
sexta-feira, dia 6, nas principais plataformas de streaming.
No disco, Beatriz e Moreno reúnem música, teatro e poesia para
construir uma narrativa em contato profundo com a obra da escritora, que nasceu
na Ucrânia e veio ao Brasil ainda bebê, onde viveu, primeiro em cidades do
nordeste e depois no Rio de Janeiro, onde morreu em 1977. Essa mescla de artes
é um tipo de inspiração que se fez presente também na obra de Caetano Veloso e Bethânia,
quando em contato com Clarice. Em “Água Viva”, Bethânia lê trecho do romance
homônimo de autora. Uma obra primorosa que dá conta dessa característica sempre
presente na autora homenageada: a fusão entre delicadeza e contundência.
Por ocasião da participação de Maria Bethânia no projeto de
Beatriz Azevedo e Moreno Veloso, Caetano Veloso escreveu: “Chamam Bethânia para
dizer um trecho de pausa, de dissipação das trevas, de nascimento, como se sua
voz fosse inevitável depois da expressão “grande demais”. Sobre a
escritora que marcou a história da literatura brasileira, Bethânia lembra do
privilégio de ter Clarice
Lispector na plateia de “Rosa dos Ventos”, espetáculo em
que atuava em 1971, sob direção de Fauzi Arap. Ao final da peça, a escritora
teria dito “Faíscas no palco!”, elogio enormemente bem-vindo a uma admiradora e
intérprete dos escritos clariceanos.
Além de Bethânia e Caetano, outros nomes importantes da MPB
manifestaram com frequência admiração e respeito ao trabalho de Lispector. Tom
Jobim sempre citava sua obra, Cazuza compôs “Que o Deus Venha” para Cássia
Eller baseado num texto dela e Chico Buarque por inúmeras vezes afirmou ser seu
fã e amigo pessoal. No último livro dele, “Anos de Chumbo”, mistura ficção e
depoimento pessoal num conto dedicado à grande escritora.
Fonte: Portal Sucesso/Fotos: Divulgação